Manter a área do ensino em funcionamento durante a pandemia foi, indubitavelmente, um dos desafios mais difíceis com que o setor se deparou nos últimos tempos.

A perda de um ambiente de aprendizagem estável tem – e continuará a ter – um grande impacto nos alunos e no seu futuro. A educação e a aprendizagem são fatores cruciais que afetam o bem-estar e as perspetivas futuras dos estudantes em todo o mundo.


Contudo, muito antes da pandemia, implementar estratégias efetivas para a aprendizagem e para ajudar os estudantes de todas as áreas, proveniências e níveis era algo que os professores e as instituições de ensino se esforçavam constantemente por conseguir. Qualquer criança tem direito a uma boa educação e a sair da escola preparada para a vida fora da sala de aula. A tecnologia desempenhou um enorme papel ao longo da última década para que isso se tornasse uma realidade. Os recursos inspirados na tecnologia ajudaram a melhorar os níveis de participação e de interação dentro da sala de aula, mantendo os estudantes motivados e proporcionando aos professores recursos adicionais para prepararem as futuras gerações para a vida.


Mas, apesar das óbvias vantagens da tecnologia no interior da sala de aula, muitas escolas e professores continuam a assistir a elevadas taxas de abandono escolar ou de retenções, com os estudantes a deixarem a escola precocemente e sem atingirem os objetivos previstos para os alunos à saída da escolaridade obrigatória. A história é a mesma em todo o mundo, com 11 países na Europa, a não atingirem as metas nacionais em 2019. As repercussões disto podem ser significativas para a economia, com Portugal, por exemplo, a despender 250 milhões de euros por ano em custos relacionados com abandonos escolares precoces e com o insucesso dos estudantes. Também se estima que 258 milhões de crianças em idade escolar não frequentam atualmente o ensino – tendo 22% idade para frequentar o ensino primário. O problema tem o potencial de ter um impacto devastador na sociedade, estando as Nações Unidas e a União Europeia a acompanhar atentamente a situação e colocando esta última um objetivo de reduzir a quantidade de alunos que abandonam a escola para menos de 10%. Sendo o impacto profundo, uma coisa é clara: entender os fatores que afetam o abandono escolar é a única forma de combater o problema e manter os estudantes no sistema de ensino.


É aqui que a correta aplicação de tecnologia permite desvendar valiosas informações sobre cada estudante, para ajudar a criar um perfil claro e entender a propensão dos mesmos para o insucesso. É essencial criar um perfil de cada estudante, utilizando os fatores externos e internos que afetam o desempenho dos mesmos na escola.



Eliminação dos entraves à aprendizagem


Através de vários sistemas de gestão de alunos e aplicações, as escolas já detêm uma vasta quantidade de dados sobre os seus estudantes que proporciona a chave para aumentar os níveis de sucesso e reter aqueles que podem, de outro modo, ficar pelo caminho. Mas a maioria dos estabelecimentos de educação, simplesmente, não tem as ferramentas para conhecer cada um dos seus estudantes em detalhe, incluindo as necessidades e motivações dos mesmos, de modo a que o percurso de aprendizagem correto e respetivos resultados se possam implementar. Não estão a ser dados os passos essenciais de extração, análise e adoção de medidas com base nos dados e informações disponíveis.


É aqui que a inovadora tecnologia impulsionada pela inteligência artificial (IA) pode ajudar os professores a entender melhor cada estudante, ao proporcionar uma camada adicional de informações para melhorar o que eles já sabem acerca de um indivíduo. Ao adotar um processo de três passos, baseado na identificação de fatores internos e externos que afetam a aprendizagem, um modelo impulsionado por IA permite ajudar a melhorar o sucesso dos estudantes e a reduzir as taxas de retenção e o número de alunos que abandonam a escola precocemente.


O primeiro passo consiste em conhecer cada estudante e identificar aqueles que correm risco de insucesso, de modo a que os professores possam implementar uma estratégia personalizada e libertar todo o potencial dos mesmos. O segundo passo engloba conhecer cada escola e saber o que está a ter impacto no sucesso dos estudantes ou a fazer uma diferença efetiva na apetência para aprender e ser bem-sucedido. O terceiro passo pretende analisar o ecossistema de forma mais abrangente. O mesmo engloba a medição e a avaliação de políticas educativas existentes e de como a eficácia das mesmas pode ser melhorada.


Ao serem entendidos estes fatores e o impacto dos mesmos em cada indivíduo, podem ser apresentadas recomendações claras e desenvolvidas abordagens personalizadas, com base na IA. Em consequência, os resultados da aprendizagem podem ser substancialmente melhorados e os números do abandono escolar e das retenções reduzidos.

Independentemente desta estratégia e do processo de três passos ser adotado a nível local ou nacional, o setor da educação tem muito a ganhar com a melhor utilização e compreensão dos dados que já existem. As informações podem ser transformadas em ações e medidas úteis, e permitir que as escolas ajudemos estudantes a ter sucesso no ensino e a contribuir de modo positivo para a sociedade, independentemente do percurso que as crianças escolham para lá da sala de aula.

 

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