É certo que, antes deste fenómeno, já muitos empreendedores, incubadoras, startups e empresas percorriam este caminho. Mas esse trabalho é agora mais visível e potenciado.

Muitas organizações já tomaram consciência de que, para acompanharem a revolução tecnológica em curso, têm de repensar a forma como se relacionam com os seus públicos – colaboradores, parceiros, clientes, utentes – e abraçar a tecnologia como um veículo para os servir melhor. Para surfar a onda, devemos lembrar-nos de que a revolução digital depende 90% das pessoas e apenas 10% da tecnologia. Assim, o esforço deve ser dirigido para as soluções e para a forma como a tecnologia pode ser um meio em vez de um fim.

Ao invés de ficarmos presos aos chavões da moda – a internet das coisas, a inteligência artificial, os robots – habitualmente incompreendidos pelo cidadão comum, aproveite-se o talento jovem

Os profissionais experientes e a excelente plataforma académica e tecnológica do país. Isto se quisermos estar na linha da frente deste processo, levando o nosso conhecimento e aprendizagens a outras geografias.

Passaram-se três anos desde a primeira Web Summit “portuguesa” e o país “criou” três novos unicórnios – a Farfetch, a OutSystems e a TalkDesk. São as embaixadoras do Portugal Tecnológico. Os seus fundadores e as suas equipas merecem o mais profundo respeito e admiração de todos os portugueses. São motivo de orgulho para todos e contribuem para vender a marca Portugal lá fora. Todos beneficiamos com isso. Merecem um enorme Muito Obrigado, porque, em Portugal, reconhecemo-nos pouco uns aos outros. Eles são muito relevantes!

Porém, as três realidades acima mencionadas são ainda muito distantes do todo nacional. É certo que o próprio Estado está a fazer um importante trabalho de modernização, através da recuperação do programa Simplex e da estratégia para a Industria 4.0, dando, assim, o exemplo.

 Há ainda muitos setores de atividade e organizações que revelam resistência em acompanhar o paradigma digital.

Que junta a alavanca tecnológica à necessidade de clientes e cidadãos se relacionarem de forma diferente com as instituições. Isto é bem diferente de apenas digitalizar os processos de negócio. Implica pensar a digitalização como parte integrante daquilo que uma organização quer SER.

Para os menos atentos estamos a viver a 4ª revolução industrial. Devemos, por isso, encarar de frente esta grande oportunidade para projetarmos as nossas organizações a 5, 10 ou 15 anos, focando no que é intemporal, em vez de focar apenas no que são as modas de cada momento.

A 4ª revolução industrial é uma viagem e não um destino. A Web Summit é um programa de vários momentos que faz sentido nesta viagem de Portugal – que se quer inclusivo – mais digital. É esta marca Portugal que devemos ambicionar. Em vez de criticar, devemos abraçar. Em vez de esperar, devemos avançar. Em vez de olhar para o que podíamos ganhar, devemos olhar para o que queremos ser. Sejamos Relevantes!

Pedro Afonso, CEO da Axians
Link: https://jornaleconomico.sapo.pt/noticias/web-summit-o-que-queremos-ser-364591