Chegou finalmente o mês de agosto, aquele que para muitos é sinónimo de férias tornou-se nos últimos anos, para a maioria da população, um período por excelência, onde desligar é a palavra de ordem. Comumente designado como o momento para “carregar baterias”, é inúmeras vezes materializado por intermédio de um cocktail refrescante, que mistura umas gotas de momentos sabáticos individuais com uns “decilitros” de introspeção profissional referente aos últimos 11 meses de trabalho, este “drink” é brindado enquanto momento disruptivo que oficializa o início das férias, as quais por norma são tipicamente acompanhadas pela necessidade em “quebrar” rotinas, inúmeras vezes abominadas ao longo do ano.

A ausência de horários para efetuar as tarefas diárias a que todos estamos sujeitos, as quais, e de acordo com a pirâmide de Maslow, começam nas tarefas fisiológicas e acabam nas tarefas de autorrealização tornam o período de férias o maior grito de anarquia socialmente aceite e intelectualmente necessário. Mas se a ausência de horários e a maior flexibilidade no cumprimento de regras típicas de uma qualquer rotina familiar caracterizam as férias como um momento de indisciplina individual e de grupo, é igualmente verdade que a nossa vulnerabilidade, enquanto ativo sujeito às diversas ameaças capazes de atentar à nossa liberdade e à nossa segurança, não possui férias, nem tão pouco períodos de descanso. O relaxamento típico do período sazonal, não pode em momento algum influenciar a nossa perceção de risco, nem tão pouco deturbar a noção que deve sempre existir do quão vulnerável é a atual sociedade às diversas ameaças a que todos estamos sujeitos, no domínio da privacidade dos dados e da segurança da informação, o que significa que o nível de relaxamento presente nos diferentes níveis hierárquicos da pirâmide de Maslow, durante o período de férias, não pode nunca ser aplicado quando o tema é a segurança da informação e os comportamentos rotineiros a que nos temos começado a habituar, a ritmos diferentes, é sabido, mas que já entraram nas práticas e nos automatismos da nossa sociedade.

 

A segurança não tira férias

Não é pois aceite que durante as férias possamos desabilitar os códigos de acessos ao nosso telemóvel, remover o Face ID, deixar a rede wireless de casa aberta ou remover o protetor de ecrã do portátil, enquanto lemos uma publicação online numa esplanada. A segurança não tira férias, nem pode ser proporcional ao “relaxamento” típico do período de férias, pelo contrário, pode ser sim consolidada por intermédio da ininterrupção das práticas adquiridas ao longo do ano, e do contacto com novas práticas, ajustadas ao contexto dos veraneantes. Comportamentos simples tais como:

  • evitar levar consigo mais do que um telemóvel por família para a praia;
  • nunca transportar cartões de débito contactless nas malas e toalhas deixadas no areal;
  • não utilizar computadores partilhados em unidades hoteleiras;
  • evitar aceder a redes wireless de espaços comuns, privilegiando sempre o seu telemóvel como o seu único e exclusivo hotspot.

São somente alguns dos inúmeros aspetos que devem ser considerados no período de férias, até porque efetuando uma pequena analogia com o mundo automóvel, faria algum sentido deixarmos de utilizar os cintos de segurança das viaturas, desligar os airbags e remover todos os sistemas de segurança das mesmas no período sazonal de férias durante “o meu querido mês agosto”?  

Boas férias!